Escrito especialmente para Isabel Teixeira e Georgette Fadel, o roteiro,
escrito por Thiago Dottori, apresenta os bastidores de uma peça que teve
um fim trágico: a morte de uma das atrizes no final do espetáculo. O
roteiro é livremente inspirado na peça “Rainha[(s)] – duas atrizes em busca
de um coração”, que por sua vez é inspirada no texto “Mary Stuart”, de F.
Schiller. A peça rendeu a Isabel o prêmio Shell de melhor atriz. Georgette
havia ganhado o prêmio dois anos antes.
O roteiro brinca com a fronteira realidade-ficção levantando questões sobre
inveja, vaidade e poder. “Rainha[(s)] estreou em 2008, tem como ponto
de partida o intrincado relacionamento entre a rainha Elizabeth e sua
meio-irmã Mary Stuart. Mary foi trancafiada numa torre pela rainha
durante 18 anos, e condenada à morte por guilhotina. As duas, na vida
real, nunca se encontraram. O texto de Schiller trata de um encontro
ficcional entre elas. A peça, com dramaturgia das duas atrizes e da
diretora Cibele Forjaz, toma a liberdade poética de subverter o texto
clássico: faz a disputa entre as personagens-rainhas extrapolar o palco e
transbordar para as atrizes-rainhas em busca de seus papéis, num jogo de
refinada metalinguagem.
O filme extrapola ainda mais as raias da metalinguagem da peça,
transformando as atrizes em personagens, ficcionando a realidade
cotidiana delas e os bastidores da montagem, intensificando a suposta
disputa pelo poder, a inveja e a vaidade no processo de ensaio,
concepção e temporada, em suas vidas e na vida teatral paulistana.
Na obsessão crescente, só uma das duas é rainha dos palcos, apenas uma
pode ser “coroada”, apenas uma pode ser “A premiada”. A competição
extravasa os palcos, a vida e termina em morte trágica de uma das duas.
Misturando momentos de humor com temas densos e viradas dramáticas,
o roteiro trata dos limites entre a ficção e a realidade.